Desigualdades devido ao câncer

O câncer afeta todos os grupos populacionais no Brasil. Mas certos grupos podem carregar uma incidência desproporcional de câncer quando comparados a outros grupos. As desigualdades relacionadas ao  câncer, por vezes chamadas de desigualdades na saúde relacionadas ao câncer, são diferenças nas mensurações do câncer, tais como:     Incidência (novos casos)    Prevalência (todos os casos existentes)    Mortalidade (mortes)    Morbidade (complicações de saúde relacionadas ao câncer)    Sobrevida, incluindo qualidade de vida após o tratamento do câncer    A Carga/ônus do câncer ou condições de saúde relacionadas    Taxas de exame de triagem    Estágio na doença no diagnóstico As desigualdades no câncer também podem ser observadas quando os resultados geralmente melhoram, mas há atrasos em alguns grupos em relação a outros.Embora as desigualdades sejam freqüentemente consideradas no contexto de raça ou etnia, outros grupos populacionais podem sofrer desigualdades por câncer. Isso inclui grupos definidos por hiposuficiência, identidade sexual ou de gênero, localização geográfica, renda, educação e outras características.

Um exemplo é o câncer de mama no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer,  um dos desafios é a redução das desigualdades entre as regiões e classes sociais. A mortalidade por câncer de mama está ligada principalmente ao acesso ao diagnóstico e tratamento adequados no tempo oportuno. O objetivo é diagnosticar o câncer o mais precocemente possível, ainda nos estágios iniciais da doença, quando o tratamento é mais efetivo. Ano a ano, o Brasil vem conseguindo aumentar o percentual de casos diagnosticados nos estágios in situ e I de 17,3% em 2000 para 27,6% em 2015. Mas essa proporção continua muita baixa na região Norte (12,7%), em contraste com as regiões Sul (29,2%) e Sudeste (30,8%).

A desigualdade regional e social também se evidencia no acesso ao exame de mamografia de rastreamento, que deve ser realizado a cada dois anos por todas as mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. O percentual de mulheres brasileiras nessa faixa que fizeram o exame em 2013, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde, foi de 60%, mas de apenas 38,7% na região Norte e 47,9% no Nordeste, bem abaixo das regiões Sul (64,5%) e Sudeste (67,9%).

Por nível de instrução, o índice médio de mulheres brasileiras com nível superior nesse faixa etária que realizou uma mamografia foi de 80%, mas de 50% entre as mulheres sem instrução e fundamental incompleto.

Fatores contribuintes 

Pensa-se que as desigualdades no câncer refletem a interação de fatores socioeconômicos, culturais, a dieta, o estresse, o ambiente e a biologia.Membros de grupos minoritários raciais ou étnicos no Brasil têm maior probabilidade de serem pobres e desfavorecidos quanto aos serviços médicos, ou seja, ter pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde eficazes. Por exemplo, independentemente da origem racial ou étnica, os pobres e desfavorecidos nos serviços médicos têm menos probabilidade de acesso  aos testes de triagem recomendados do que aqueles com bons serviços médicos. Eles também são mais propensos a serem diagnosticados com câncer em estágio avançado, quando poderiam ter sido tratados com mais eficácia se tivessem sido diagnosticados precocemente.O peso do câncer em indivíduos pobres e desfavorecidos em saúde também pode refletir diferentes taxas de fatores de risco comportamentais, como taxas mais altas de tabagismo, inatividade física, obesidade, consumo excessivo de álcool e menores taxas de amamentação. Além disso, os indivíduos que vivem na pobreza podem experimentar taxas mais altas de exposição a fatores de risco ambientais, como substâncias causadoras de câncer no escapamento de veículos a motor em bairros urbanos densos. Mesmo entre as pessoas de maior nível socioeconômico, certos grupos minoritários étnicos ou raciais podem sofrer desigualdades no câncer. Essas diferenças podem refletir diferenças culturais, como desconfiança no sistema de saúde, atitudes fatalistas sobre o câncer ou medo ou vergonha de ter certos tipos de procedimentos médicos. Eles também podem refletir diferenças geográficas ou outras no acesso a cuidados de qualidade. As desigualdades no câncer também podem refletir diferenças na participação em estudos clínicos. Os estudos clínicos costumam ter baixa participação de minorias raciais ou étnicas, o que apresenta a possibilidade de que os resultados não sejam totalmente aplicados a eles. As diferenças biológicas também parecem desempenhar um papel em algumas desigualdades no câncer. Os avanços na genética e outras tecnologias moleculares estão melhorando a compreensão de como as diferenças biológicas entre grupos populacionais  contribuem para as desigualdades na saúde e como os fatores biológicos interagem com outros fatores potencialmente importantes, como dieta e ambiente.  

Resposta as desigualdades do câncer

Como muitos fatores diferentes podem causar desigualdades no câncer,  em particular, a pobreza e a falta de cuidados de saúde de qualidade resultantes disso, a solução para essas desigualdades não é simples. No entanto, os pesquisadores estão identificando maneiras de responder aos fatores mais críticos em desigualdades específicas.Uma abordagem é trabalhar especificamente o acesso aos cuidados de saúde e outra é pesquisar as diferenças biológicas dos cânceres em grupos raciais ou étnicos.